Inovação aberta como forma de diferencial competitivo: Como os diferentes modos de relacionamento ajudam sua empresa a superar a crise do Covid-19
Inovação aberta como forma de diferencial competitivo: Como os diferentes modos de relacionamento ajudam sua empresa a superar a crise do Covid-19
Por: David Volpato.
Quase dois meses depois que se instaurou no Brasil a crise causada pela pandemia do novo coronavírus, diversos gestores do país cruzaram, ao menos uma vez, com essa figura:
Apenas quando o trabalho presencial se tornou proibido, que muitos players começaram a pensar em home-office. Assim, como aconteceu com muitas empresas de varejo, por exemplo, impossibilitadas de operar fisicamente, começaram a pensar na possibilidade de criar um canal de e-commerce.
Algumas dessas empresas encaram a crise como um desafio complexo ou caótico, o qual não é possível prever de antemão. Entretanto, há empresas que já estavam preparadas para situações adversas, motivadas por precaução ou pela própria natureza de seus negócios (por exemplo, empresas de base tecnológica). Para estas, a prática de inovação veio muito antes da crise do Covid-19.
Dentro da realidade das corporações que trabalham conosco, uma das principais formas utilizadas para combater a crise, está sendo a utilização da inovação aberta. O conceito de inovação aberta surgiu no início dos anos 2000, com o professor da Berkeley University, Henry Chesbrough. Este, notou que os departamentos de P&D das empresas possuíam orçamentos cada vez maiores, ano após ano. Esse capital possuía como justificativa, na maioria das vezes, buscar formas de manter as empresas competitivas, frente aos seus concorrentes no mercado. O medo da espionagem industrial do século XX, aliado aos competentes times de engenharia fizeram com que as empresas conduzissem seus processos de inovação quase que isoladamente uma das outras.
Chesbrough observou que, muitos desafios poderiam ter sido resolvidos mais rapidamente, com menos esforço e menos capital, caso tivessem sido auxiliados por fontes externas a empresa. Esse olhar externo aos processos, produtos e desafios de determinadas corporações se transformou no que conhecemos hoje como inovação aberta.
A definição é fácil de entender, mas, na prática, tivemos pouquíssimas iniciativas bem sucedidas de inovação aberta no Brasil nos últimos 10 anos. Enquanto EUA e Israel investiram massivamente nos Hubs de Inovação, nós permanecemos alheios ao mercado internacional, mantendo o mesmo olhar zeloso e isolado nas últimas décadas.
Isso não significa que o P&D seja ruim. Ele é de fato, uma forma muito competente de buscar a inovação. O grande ponto é usar de maneira complementar diferentes formas de inovação, de modo a extrair o melhor de cada uma. Hoje, na perspectiva de programa de inovação aberta, vemos que um dos grandes desafios é justamente balizar a quantidade de esforço em cada uma dessas linhas.
Trazendo para o nosso contexto, em 2017, o LinkLab começou a operar em sua primeira sede, um programa pioneiro no ecossistema de inovação e tecnologia, visando conectar corporates com startups em projetos de inovação em uma estrutura de hub físico. Inicialmente, tínhamos 9 grandes empresas, cada uma com as particularidades de seu segmento e seus próprios desafios. 3 anos e 30 corporates depois, aprimoramos nossa própria metodologia de aplicação de inovação aberta com base nos anos anteriores de experiência com as corporates, que ajudou muito nossos parceiros a permanecerem competitivos durante a crise que vivenciamos nos últimos meses.
Depois de muito estudar e vivenciar a inovação aberta corporativa, vimos que no LinkLab, algumas formas de relacionamento de inovação aconteciam com mais frequência, assim, foi possível refinar nossa metodologia para se adequar a cada uma delas, conheça:
Venda B2B direta: É uma relação tradicional entre cliente e fornecedor. Funciona para as corporates que possuem desafios fechados e startups maduras e aderentes a eles.
Parceria comercial: Muitas vezes, uma forma de receita para os dois players, sendo possível remunerar por indicação, venda ou integração. É uma das melhores formas para iniciar um relacionamento, que pode virar um CVC no futuro.
Validação de Prova de Conceito (POC): Projeto extremamente curto, por volta de 30 dias, onde a startup faz a validação do conceito da sua solução em conjunto com a corporate. Não envolve nenhum tipo de ferramenta auxiliar ou linha de código, sendo o intuito validar se a proposta de valor resolve uma dor da corporate.
Validação de Protótipo: Também é um projeto curto, dando um passo a mais que a POC, onde a startup simula um frame, tela ou design de como vai ficar a solução final. Não é um protótipo funcional, mas que visa ilustrar quando a ferramenta estiver finalizada.
Validação de MVP (Mínimo Produto Viável): Projeto curto, que muitas vezes acaba virando um projeto médio (erroneamente). Seu objetivo é desenvolver uma primeira versão da solução, com pelo menos a função chave sendo executada, em um projeto piloto. Muitas vezes, carece o auxílio de planilhas ou mesmo interferência humana para executar o processo.
Aprimoramento de solução: Um projeto de médio prazo, onde nem sempre a solução da startup se adequa perfeitamente às necessidades da corporate. Inclusive, não é raro as relações iniciarem devido ao uso de uma tecnologia ou ferramenta específica. Nesse formato de relacionamento, a startup adapta seu produto inicial para atender a uma dor da corporate, muitas vezes mudando seu core-business.
Parceiro de tecnologia: Algumas corporates, em especial as de base tecnológica, possuem interesse de complementar seu portfólio de soluções. Nesse formato, a startup desenvolve uma nova solução em cima de uma tecnologia já existente e de propriedade intelectual da corporate.
Mentoria: É um formato de relacionamento simples, porém muitas vezes sendo realizado de maneira equivocada. Consiste em encontros periódicos para discutir problemas/situações da startup. Deve ser conduzido por executivos/sócios com expertise nesses problemas, não levantá-los de acordo com a disponibilidade dos mentores.
Corporate Venture Capital (CVC): Trata-se da aquisição parcial ou total de equity da startup por parte da corporate. Muitas vezes, antecedido de uma venda B2B direta, parceria comercial ou mentoria, que são formas de iniciar um relacionamento e criar confiança entre as duas partes.
Co-Desenvolvimento: Alguns desafios são complexos demais para serem realizados de forma unilateral. No Co-Desenvolvimento, corporate e startup trabalham conjuntamente, cada uma trazendo sua expertise, seja para solucionar um problema ou construir algo novo. Muitas vezes, a propriedade intelectual da solução é dividida por ambos.
OEM/White Label: Consiste em complementar o portfólio com a solução da outra parte, podendo manter as logos das empresas originais (OEM) ou apenas a endereçagem da empresa comercializadora (White Label).
Atualmente, são essas as formas de relacionamento de inovação que estão em execução no programa de inovação aberta LinkLab, mas, estamos sempre revisando e revisitando nossa metodologia. Conseguimos direcionar os projetos baseados na cultura, maturidade de inovação e desafios de cada corporate, bem como indicar as startups mais adequadas para cada caso.