Cada macaco no seu galho: como priorizar os projetos de inovação da minha empresa?

Cada macaco no seu galho: como priorizar os projetos de inovação da minha empresa?

Por: Flavio Liesenberg

Falar sobre inovação é algo fascinante e que de fato mexe com a gente. São inúmeras as possibilidades e é impossível falar de inovação sem lembrar das grandes mudanças – algumas maravilhosas e outras nem tanto – que vivenciamos em nosso dia a dia em virtude dos novos produtos e serviços que nos auxiliam nas mais variadas atividades.

Aqui no LinkLab, sabemos muito bem que cada passo dado em direção ao novo tem de ser cuidadosamente pensado, afinal, são muitas as variáveis envolvidas em cada projeto e não existem limites para os desafios que podem surgir. Por este motivo, utilizamos uma metodologia própria, que contempla 10 tipos diferentes de relacionamento com startups e que foi modelada de acordo com as interações que ocorrem em nosso cotidiano.

A primeira vista, um projeto pode até parecer simples, mas a verdade pode ser muito mais complexa do que imaginada. Dentre tantos desafios – que podem mudar muito de organização para organização – temos uma variável que está presente em todos os projetos e afeta todas as decisões: o tempo. O tempo que vai ditar o quão rápido eu devo melhorar/mudar o que estou fazendo para garantir que minha empresa continue competitiva. Tendo uma visão clara de futuro e sabendo como o tempo impacta o nosso negócio, conseguimos traçar uma estratégia de projetos de inovação que seja dividida em curto, médio e longo prazo.



O tempo e os horizontes da inovação
Uma das ferramentas que nos ajuda a definir como organizar o nosso portfólio de projetos de inovação e que traz o tempo como fator principal, é o framework estratégico “3 Horizontes da Inovação” (3H), que foi desenvolvido pela consultoria McKinsey & Company a partir de uma pesquisa com empresas de 10 segmentos diferentes. A ferramenta, visa ajudar as empresas a crescer de modo sustentável ao longo do seu ciclo de vida, ao invés de correr o risco de estagnar por falta de inovação.

O modelo da McKinsey separa a inovação em três horizontes, levando em consideração o tempo e o impacto:

Horizonte 1: Manutenção dos principais negócios (core business)
Seguindo este framework, no primeiro horizonte (H1) a empresa deve alocar os projetos de curto prazo que estejam diretamente ligados com a manutenção dos negócios atuais e que fazem a empresa prosperar nos dias de hoje. Os projetos de inovação do H1 tendem a ser melhorias incrementais, pois o risco é menor e sendo assim, mais adequado às áreas chave do negócio. Garantir que o produto/serviço esteja sempre atualizado com as demandas do cliente é o objetivo dos projetos do H1. Como neste horizonte estão concentrados projetos de curto prazo, uma dica é buscar por parceiros que possam te ajudar a acelerar a entrega de resultados. Aqui no LinkLab, incentivamos as nossas corporates a buscarem por startups mais maduras e com soluções de rápida implantação, pois isso ajuda muito a dar velocidade ao projeto.



Horizonte 2: Cultivando negócios emergentes (novos negócios)
No segundo horizonte (H2), o objetivo dos projetos muda um pouco e tem um foco claro na geração de novas fontes de receita vindas de iniciativas que estejam alinhadas com áreas do conhecimento que a empresa possui. O tipo de projeto do H2 pode variar bastante, desde o lançamento de novos produtos/serviços até explorar novos mercados. Aqui, o nível de interação com o parceiro aumenta consideravelmente e tende a ser algo um pouco mais complexo, como um aprimoramento de solução, parceria comercial ou parceria tecnológica. Este é um campo fértil para parcerias com startups e centros de inovação em projetos de inovação aberta.

Aproximar-se de ecossistemas de inovação e explorar todos os benefícios que este tipo de inovação traz pode render bons frutos. Vale ressaltar, que os investimentos nos projetos de H2 tendem a ser bem altos, pois este é um horizonte interessante para a empresa, onde o risco é mais controlado e a promessa de retorno é muito atraente.



Horizonte 3: Criando negócios genuinamente novos (experimentação)
Para o terceiro e último horizonte (H3), a palavra de ordem é experimentação. Neste horizonte, a empresa aloca os seus projetos mais ousados e disruptivos, aquelas ideias fascinantes que nos inspiram e geram aquele sentimento de UAU! Neste horizonte é fundamental para a empresa estar conectada com os principais parceiros do ecossistema, startups, hubs de inovação, universidades e demais partes envolvidas. A troca de informações é constante e muito rica, e a geração de novas ideias é impulsionada por esta diversidade. Encontrar os parceiros certos e, juntos, co-desenvolverem uma nova solução pode ser o ponto que faltava para a empresa lançar uma inovação verdadeiramente disruptiva.

Por ser um campo onde tudo o que temos são as ideias, é muito importante saber que todos os projetos do H3 trazem consigo risco elevado e muita incerteza, pois tudo é novidade. Sabendo disso, aqui vai uma dica: teste e valide ao máximo as ideias em pequena escala, afinal garantir o controle sobre os investimentos, e, principalmente saber quando é a hora de pivotar um projeto é fundamental para a sustentabilidade da estratégia de inovação da empresa.



#NaPrática
Agora você deve estar se perguntando “ok, eu entendi o que são os três horizontes de inovação e como eles funcionam, mas e na prática, como eu começo a separar os meus projetos e investimentos dentro dos três horizontes?”. De fato, no começo pode parecer meio confuso alocar os projetos de inovação em um dos três horizontes, mas com o passar do tempo as coisas ficam mais claras. Um bom começo é definir quais recursos serão investidos em inovação de uma forma geral. Lembre-se, inovação é investimento e não custo.

Uma vez que estes recursos estiverem bem definidos, podemos utilizar um modelo de divisão de investimentos que ajuda muito neste processo. Este modelo é conhecido como a “regra” do 70/20/10. A “regra” 70/20/10 nada mais é do que uma sugestão de como alocar o seus investimentos de inovação, dedicando 70% dos recursos para os projetos de curto prazo (H1), 20% para projetos de médio prazo (H2) e 10% para projetos de longo prazo (H3). Essa separação de recursos permite que você determine os limites de investimento para cada horizonte de inovação com mais facilidade e segurança. Com o orçamento definido, torna-se mais fácil definir quantos projetos podem entrar em cada horizonte. Isso além de ajudar nas questões financeiras, vai te ajudar a ter mais foco nos projetos que são prioritários e realmente estratégicos para a sua empresa.

O próximo passo, mas não menos importante, é a escolha de tipo do projeto quanto a sua execução. Definir se a inovação será do tipo aberta ou fechada nem sempre é tarefa fácil. Sabemos dos vários benefícios da inovação aberta, e de como este tipo de relação acelera os resultados, mas definir quais projetos devemos executar internamente e quais fazem sentido ser realizados em conjunto aos parceiros exige muito planejamento e entendimento dos objetivos e das variáveis do projeto. Este tópico, em especial, é muito importante e merece ser tratado de maneira mais abrangente em um outro artigo. Siga acompanhando nossos artigos para conhecer.

Leia mais artigos