Como sei se meu projeto de inovação está trazendo resultado?

Como sei se meu projeto de inovação está trazendo resultado?

Por Eduarda Talavera

Muito antes da pandemia do novo coronavírus uma frase – quase um mantra, na realidade – comumente falada no meio corporativo era: “precisamos inovar para nos manter competitivos”. Para Steve Blank, empreendedor em série do Vale do Silício e referência no mundo da inovação, as empresas precisam ser ambidestras, ou seja, simultaneamente executar seu core business e inovar.

No LinkLab temos mais de 30 corporates dos mais variados setores (tecnologia, varejo, imobiliário, etc.), cada uma com sua estratégia de inovação, que anda sempre lado a lado com a estratégia da empresa. O programa tem uma metodologia própria de inovação aberta com vários tipos possíveis de relacionamento entre corporates e startups, o que auxilia as corporates na definição de escopo e no andamento do projeto.

Entretanto, muitas empresas enfrentam certas dificuldades ao tentarem inovar. Não conseguem priorizar os projetos de inovação, não sabem como fazer com que todos da organização comprem a ideia e estejam alinhados com a estratégia, quanto investir e como avaliar o retorno da inovação para a empresa.

Sim, é vital inovar e trazer essa cultura para dentro, mas a pergunta essencial que deve ser feita é “como implementar e medir o impacto de uma estratégia de inovação?”. É necessário utilizar métricas para medir esses resultados, pois como já dizia Peter Drucker “se você não pode medir, não pode gerenciar”.

Um equívoco comum para as empresas que estão dando os primeiros passos em projetos de inovação é medí-los apenas por um prisma, com métricas focadas apenas em resultados financeiros, e muitas vezes, esperando que esses resultados aconteçam em curto prazo. Isso pode gerar uma certa frustração e dúvidas quanto a real efetividade de projetos de inovação, pois na maioria das vezes, os resultados aparecem em médio a longo prazo.

Além disso, é preciso ter cuidado para não se apoiarem em métricas de vaidade, isso é, métricas que são bonitas em números mas que não informam como esses números se transformam em receita, valor e conversão, ou seja, métricas que não te ajudam a tomar decisões de negócio de forma acertada. Algumas métricas de vaidade tem sim seu valor, mas não merecem tanta atenção quanto outras métricas mais estratégicas.

É importante que a diretoria e toda a empresa entenda que projetos de inovação podem fracassar, por ser algo novo e muitas vezes experimental. É aí que entra o conceito de fail fast (errar rápido), defendido por Eric Ries em seu livro A Startup Enxuta. O conceito busca tirar o peso da palavra “fracasso” que temos intrínseco e designar a ele a conotação de aprendizado, de que conhecimento adquirido de uma tentativa frustrada aumenta as chances de sucesso em um projeto futuro.

O que quero dizer com tudo isso é: medir os resultados dos projetos de inovação é vital para toda empresa, mas é importante entender que eles estão mais propensos a desvios e raramente aparecem em curto prazo. Por isso, antes que a empresa decida entrar no barco da inovação e começar a navegar, é preciso que os responsáveis deem um passo para trás e façam a seguinte pergunta: “o que minha empresa espera obter com inovação?”.

Sabemos que sucesso em projetos de inovação não é uma receita de bolo, significa algo diferente para cada empresa. Sucesso em projetos de inovação para você que está lendo pode significar novos produtos e serviços agregados ao portfólio da sua empresa, já para a próxima pessoa que ler esse artigo, pode significar novos métodos de trabalho ou até mesmo novas parcerias comerciais.

Convido você e seu time a sentar e fazer essa definição com muita atenção, e a partir daí, balizar seus indicadores de inovação. Mas não pense que a definição de sucesso estará escrita em pedra! É válido revisita-la de tempo em tempo para entender se ainda faz sentido e se ainda está alinhada com a estratégia da empresa. Depois de definir o que sua empresa espera obter com inovação, está na hora de levantar os indicadores para os seus projetos de inovação!

Uma forma popular de medir os o resultado dos projetos é através de KPIs, sigla em inglês para Key Performance Indicator (Indicador-chave de Performance). KPI é todo dado que ajuda a entender o funcionamento e os resultados de uma estratégia. Esses indicadores são uma forma de medir se uma ação ou um conjunto de iniciativas está atendendo ou não aos objetivos propostos pela empresa, para que os gestores possam entender se estão no caminho certo.

Existem diversos indicadores que podem ser analisados, como os indicadores de produtividade, de qualidade, capacidade, estratégicos, etc. e é fundamental que a empresa tenha em mente quais são os indicadores chave a serem usados na sua estratégia.

No LinkLab, por exemplo, nós coletamos diversos KPIs para medir o nível de sucesso do programa. Eles são coletados mensalmente por cada unidade do LinkLab e registrados no Airtable, gerando gráficos que possibilitam uma gestão mais visual dos indicadores. São mais de 15 KPIs coletados mensalmente, dentre eles: startups inscritas no programa por mês, quantidade de pitches realizados por cada corporate, startups prospectadas por mês para cada corporate, total de projetos ativos por tipo de relacionamento, volume de negócios gerados, etc.

As corporates do LinkLab também coletam alguns KPIs para fazer o acompanhamento das métricas relacionadas a inovação. Para tangibilizar um pouco, trago alguns exemplos desses KPIs coletados por elas: conversão de pitches realizados em projetos, porcentagem de faturamento em novos produtos oriundos da inovação, quantidade de pitches realizados por mês, dentre outros. Além disso, dentro de cada projeto ativo, são definidos também KPIs para avaliar o sucesso de cada um desses projetos.

Outra ferramenta muito utilizada – incluindo em empresas do Vale do Silício – são os OKRs, sigla em inglês para Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chave). Os OKRs são uma boa forma de acompanhar os objetivos e os resultados dos projetos de inovação.

A ferramenta se divide em dois eixos: o que eu quero alcançar (estes são os objetivos) e como vou me orientar para entender se estou chegando lá (aqui entram os resultados chave). O objetivo é sempre qualitativo e os resultados chave são quantitativos. Os objetivos devem ser claros, de fácil entendimento e aspiracionais, já resultados chave são usados para indicar se o objetivo foi atingido até o final de período. Caso você tenha se interessado pela ferramenta de OKRs, você pode aprofundar-se um pouco mais e aprender como aplicá-la com seu time de inovação através desse artigo.



Gestão das métricas, utilizar ferramentas pode ajudar!
Utilizar métricas para avaliar o sucesso dos projetos de inovação é vital, mas também é de suma importância que os times de inovação da organização como um todo acompanhem essas métricas e o andamento dos projetos. Há muitas ferramentas bacanas e super visuais no mercado que podem ajudar na divulgação dessas métricas e resultados, dentre elas temos o Coblue (gestão de OKRs), Power BI, Google Data Studio, Airtable (gestão de KPIs e métricas) entre diversas outras.

Sabemos que implementar uma cultura de inovação na empresa é uma tarefa difícil e um caminho longo a trilhar, mas entender o que sua empresa espera obter com inovação e usar os indicadores certos para medir o(s) resultado(s) dos projetos já é um ótimo passo para iniciar essa caminhada.

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