Por que algumas empresas estavam mais preparadas para a pandemia do que outras?

Por que algumas empresas estavam mais preparadas para a pandemia do que outras?

Por Diego Ramos, Diretor Geral da Teltec Solutions – Corporte LinkLab

Busque e promova mudanças proativamente

Não podemos puxar o freio de mão da inovação neste momento sob o risco de comprometermos os nossos negócios nos próximos anos.
Vou começar este texto afirmando o óbvio: todos nós estamos sentindo o efeito da pandemia. Praticamente ninguém passou ileso às consequências majoritariamente negativas que ela trouxe. É certo que uns mais, outros menos.

Neste texto, no entanto, peço licença para me ater ao ambiente no qual estou inserido: o mundo corporativo. Aqui, coloco minhas inquietações que acho pertinentes para quem respira esse universo que precisa constantemente gerenciar a tensão entre o hoje e o futuro.

O que ficou notório foi que, mesmo sem a pandemia na equação do ano, muitos negócios e organizações já estavam muito mais preparados para o momento do que outras, que deixaram aspectos como a transformação digital como um projeto para um futuro que nunca chegava. Acabou que ela forçou sua entrada de uma das formas mais difíceis possíveis.

E por que eu falo sobre transformação digital neste momento? Porque eu quero falar sobre inovação e o que esta pandemia, junto a outras crises que já foram vividas pela humanidade, está nos mostrando.

Eu sou um entusiasta da Inovação. Isso quer dizer que eu estou sempre acompanhando o que a inovação aberta propicia e como ela transforma tanto a sociedade, quanto o ambiente de negócios. Em resumo, o quanto ela nos prepara para o desconhecido.

Quer um exemplo?

Poder ficar em casa e assistir Netflix, enquanto faz o supermercado pelo app de preferência só é possível por conta dessas movimentações que não tinham o objetivo principal de fazer deste momento, algo mais palatável. Não. Mas como muitas outras inovações, acabaram sendo. E esse é o meu ponto.



Inovação aberta
Mesmo empresas maduras e bem posicionadas no mercado ainda têm bastante dificuldades em impulsionar a inovação interna. Eu sei muito bem disso. Afinal, a Teltec Solutions tem 29 anos de história e nós já precisamos nos reinventar várias vezes. A intensa transformação digital que temos empreendido e ajudado nossos clientes a buscarem, foi um dos principais recursos para continuarmos nossas operações normalmente. Nos readaptamos, reorganizamos, mas não paramos. Ter toda uma estrutura vislumbrada como necessária lá atrás, mesmo quando estávamos todos trabalhando presencialmente, foi importantíssimo para o agora.

Mas inovar não é apenas dispor de um aparato tecnológico. Aí que entra a inovação aberta. Empresas maduras têm muita dificuldade em promoverem a inovação internamente. Muitas acabam se fundindo a negócios novos, na tentativa de incorporarem produtos e soluções inovadoras que poderiam representar, inclusive, ameaça aos negócios.

Em meio a riscos, geralmente é o primeiro investimento a ser cortado. Afinal, com inovação, você só tem uma certeza: custos. Mas na minha visão, e na visão de outros empreendedores que hoje navegam em mares mais calmos durante a crise, não há outra opção para negócios que querem se manter relevantes em um mercado e em um mundo em constante mudança.



Um casamento perfeito
Conseguimos emplacar esse movimento dentro da empresa com a decisão de estarmos como uma das empresas patrocinadoras do LinkLab, da ACATE, através do laboratório de inovação, o NexusLab, ainda lá em 2017. Por conta dessa movimentação lá atrás, estamos colhendo ótimos frutos agora. Para dar um exemplo concreto: quando já estávamos em meio à pandemia e absorvendo seus efeitos, recebemos a Wifeed – uma das Startups conectadas conosco, através do programa – que nos mostrou a sua solução.

Com o seu produto em mãos e com mais conhecimento do mercado, conseguimos financiar e reformulá-lo para que tivesse mais abertura. Assim, juntos, conseguimos entrar com a solução em um importante cliente do setor financeiro. Com franqueza, pontuo que dificilmente a Wifeed conseguiria adentrar em um cliente daquele porte sem a nossa ajuda, da mesma forma que seria muito custoso e demorado que desenvolvêssemos, por conta própria, uma solução que só precisava de alguns ajustes para ser apresentada. Saímos todos ganhando e foi, claro, uma receita importante para ambos os atores neste momento de incertezas.

Por isso, reitero: é difícil promover a inovação interna, mas a inovação aberta aparece como uma possibilidade que vem para beneficiar a quem se dispõe. A participação em um ecossistema que permite a conexão com Startups e negócios que conseguem maior adaptação aos movimentos é fundamental para quem enseja o crescimento mútuo das organizações.



Inovação e empreendedorismo
Também não é segredo para ninguém que o mundo precisa da força jovem para inovar. De mentes que estão pensando nos problemas de agora e que constroem para o agora, visando ao futuro.

Há cerca de dois anos, estive na Universidade de Bolonha, na Itália. Ela é a Universidade mais antiga do mundo e, mesmo com toda a tradição da entidade, é responsável por um dos maiores centros de inovação da Europa. Em encontro muito produtivo com professores me fez voltar ao Brasil com vontade de ver mais lugares como esse, que incentivam a inovação justamente no ambiente mais propício, com a ajuda de pessoas que já trilharam o caminho. Por isso, buscar escolas, universidades, centros que preparem estes alunos para o futuro do mercado de trabalho é uma das maiores necessidades para que tenhamos uma redução do gap e estejamos mais preparados para o que o futuro nos apresentar.

A inovação e, em especial, a inovação aberta pode nos levar a soluções que ainda nem podemos imaginar, com a profusão das novas tecnologias que estão se consolidando agora. Além disso, as organizações precisam alavancar tecnologias exponenciais como habilitadoras para um impacto positivo na sociedade.

A transformação digital já era inevitável. A meu ver, são escolhas que precisam ser feitas agora. Não dá pra esperar mais.

E você, para onde diria que a inovação pode nos levar?

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