Impulsionada por programas da ACATE, Circuits fecha negócio com Unimed Chapecó

Impulsionada por programas da ACATE, Circuits fecha negócio com Unimed Chapecó

A startup Circuits — empresa incubada do MIDITEC, especialista em monitoramento inteligente de temperatura e umidade — fechou negócio com a Unimed Chapecó, no primeiro trimestre de 2022, para implementar tecnologia de biossegurança em ambientes hospitalares. O encontro das duas foi facilitado pelo LinkLab, plataforma de inovação aberta da ACATE.

Fundamental para garantir a qualidade do atendimento prestado a pacientes médicos, o tipo de monitoramento que a Circuits oferece ajuda a manter medicamentos e insumos da área de saúde em segurança, durante o seu armazenamento. Isso porque muitos medicamentos são sensíveis a variações de temperatura, podendo, nesses casos, sofrer perdas de eficácia. Além disso, o serviço também ajuda a prevenir a transmissão aérea de doenças.

“A umidade relativa do ar afeta a cinemática de evaporação e o crescimento das partículas. Ambientes mais secos favorecem infecções, como a da Covid-19, por exemplo”, explica João Costa, fundador e CEO da Circuits. “Enquanto grande parte dos hospitais precisa de um profissional fazendo ronda para anotar as temperaturas de sistemas de refrigeração e câmaras frias, a solução que entregamos para a Unimed utiliza a internet das coisas (IoT) para otimizar esses processos”.

Manter, manualmente, condições favoráveis de temperatura e umidade é uma tarefa repetitiva, sujeita a falhas e alto custo operacional. Às vezes, devido à grande quantidade de demandas em um hospital, essa não é a ocupação primária dos colaboradores. Empregar softwares e hardwares que fazem isso de maneira automática, portanto, ajuda a mitigar desperdícios, aumentar a confiabilidade e reduzir gastos financeiros.

“Temos sensores e receptores de hardware próprio, que coletam, analisam e armazenam dados 24 horas por dia. Essas informações podem ser acessadas, de forma simples, por celular ou computador. Nosso aplicativo mostra, em tempo real, a temperatura e a umidade de cada ponto monitorado, com leituras a cada 2 minutos e geração de relatórios, seguindo as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Emite, ainda, alertas programados por SMS, permitindo que o cliente realize manutenções de seus equipamentos no tempo certo”, esclarece Costa.



Inovação aberta



A Circuits é uma empresa formada por cinco pessoas, sendo quatro delas os sócios João Costa (CEO), Luccas Meller (CTO), Daniel Kist e Ivan Junckes (investidores e membros do conselho). Com um modelo de negócios B2B, atende hospitais, clínicas, laboratórios, indústrias farmacêuticas, farmácias e distribuidoras.

Logo que foi fundada, em maio de 2019, demonstrou interesse em se associar à ACATE e participar de seus programas estratégicos. Na época, porém, seu código da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) não listava entre os aptos para associação. Após uma remodelação da empresa, isso foi possível.

“Há mais ou menos um ano, vimos alguns desafios disponíveis no LinkLab. Éramos uma design house de produtos de software e hardware, tentando encontrar alguma oportunidade de negociação com uma grande empresa”, conta João Costa. “Acabamos nos inscrevendo para dois desafios com a Unimed Chapecó (corporate do LinkLab) e não fomos selecionados em nenhum, mas o contato ali se fez”.

Em setembro, a Unimed procurou a Circuits, apontando uma necessidade sua que poderia ser solucionada pela startup. Foi assim que eles chegaram à solução atual, que propiciou o negócio. “Participar dos eventos e dos programas da ACATE é sempre inspirador e abre portas para novos contatos”, avalia o CEO.



Incubação

Para se desenvolver, além da passagem pelo LinkLab, a Circuits ingressou também, em fevereiro de 2022, na incubadora de empresas da ACATE — o MIDITEC. Para o CEO, o acompanhamento do programa e as mentorias que ele proporciona — com feedbacks de profissionais com vasta experiência de mercado — tem ajudado a startup em seu planejamento e estruturação.

“Quando chegamos ao programa, nosso negócio ainda era algo muito intuitivo. Hoje, temos suporte e maturidade para lidar com novas demandas e negociações. Organizamos nosso negócio e temos maior convicção dos caminhos da empresa”, relata. “Seria bom se tivéssemos entrado para o MIDITEC antes”.



Cliente ideal

Hospitais, onde os gastos operacionais para controle manual de umidade e temperatura superam os custos com a solução em IoT, são clientes ideais para a Circuits. Com seu serviço, a startup promete trazer mais economia e segurança para este segmento. Para outros clientes, como clínicas, laboratórios, farmácias e distribuidoras, o ciclo de venda é mais curto (contratos menores). Mesmo assim, eles são importantes para a empresa, porque contribuem com o fortalecimento dela no mercado.

A Unimed Chapecó se encaixa nesse primeiro grupo, sendo considerada um “cliente ideal”. “Fizemos uma prova de conceito (PoC) para a farmácia deles e gostaram bastante da nossa solução. Logo, o restante do hospital ficou sabendo e todos os setores resolveram aderir. Com isso, realizamos a implantação de 92 pontos no prédio”, afirma João Costa.

“Antes, nossa metodologia era morosa e propensa a falhas. Temos tentado trabalhar nossos processos, informatizando o máximo possível, eliminando registros em papel e trazendo mais confiabilidade nos dados monitorados”, comenta Fernanda Fernandes Vicente, Analista operacional de farmácia da Unimed Chapecó. “Agora, com o uso dos sensores, foi possível agregar as diferentes faixas de registros — temperatura ambiente, de refrigeradores, câmaras de armazenamento de termolábeis, ultracongelados, controle de umidade, entre outros —, o que nos trouxe mais segurança no armazenamento de medicamentos, materiais hospitalares, nutrições e amostras biológicas, por exemplo”

De acordo com Fernanda Vicente, a mudança na corporate, apesar de simples, será significativa. “A ferramenta é uma melhoria que buscamos há bastante tempo e tem grande relevância dentro da área hospitalar”.

Além do Hospital Unimed, a solução de monitoramento também foi implantada em uma indústria farmacêutica, outro cliente estratégico para a Circuits.



Presente e futuro

Atualmente, a Circuits tenta validar a solução no mercado e aumentar a equipe. “Estamos em fase de captação de novos investimentos e a ideia é que, nos próximos meses, já comecemos com algumas contratações”. Segundo Costa, a startup recebeu seu primeiro aporte-anjo em fevereiro de 2022, na importância de R$ 100 mil. “Hoje, apenas dois dos quatro sócios estão no operacional. Temos ainda um desenvolvedor que não trabalha em tempo integral, mas precisamos de recursos para ajuda em outras funções”.

Considerando toda a cadeia de frios do Brasil — juntando os setores alimentício e farmacêutico —, o potencial de mercado da empresa (TAM) é de R$ 3,4 bilhões. Disso, se for levado em conta apenas entidades de saúde privadas — foco das operações da Circuits (SAM) —, a startup pode alcançar R$ 1,1 bilhão com seus produtos e serviços.

A meta dela, para os próximos três anos, é levar a solução tecnológica para 200 unidades de saúde, totalizando um SOM de R$ 4,4 milhões. “Para o futuro, temos foco em um jornada completa, em trazer mais valor para os clientes e aumentar nosso ticket médio”, finaliza.



Programas estratégicos

Assim como no caso da Circuits, o LinkLab e o MIDITEC são parte fundamental da trajetória dos associados dentro da ACATE. Com um portfólio destinado ao impulsionamento e integração das empresas de tecnologia de Santa Catarina, a Associação entrega valor ao ecossistema através desses e outros programas estratégicos, com metodologias focadas no desenvolvimento de startups, geração de oportunidades de negócios e networking entre empreendedores.

A incubadora MIDITEC, reconhecida como uma das cinco melhores do mundo pela UBI Global, já graduou mais de 135 empresas durante seus 24 anos de existência. Em seus trabalhos, apoia startups desde as etapas iniciais (validação e geração de demanda) até as mais avançadas (tração e escala).

O sucesso da Rede MIDITEC está na consolidação dos seus três principais pilares: Metodologia, Acompanhamento e, principalmente, Conexões. Aplicada a nove incubadoras do estado, a metodologia MIDITEC é disciplinada por meio da assistência de especialistas do mercado, além de trocas entre pessoas que desejam inovar e empreender. Com procedimentos em constante atualização, direciona empreendedores aos seus objetivos e metas, transformando a realidade através do desenvolvimento de pessoas e de crescimento corporativo.

O LinkLab, por sua vez, conecta startups, com soluções inovadoras, a corporates, com desafios de mercado. As primeiras, desejando conquistar clientes e conhecer com mais profundidade seu segmento de atuação. As segundas, buscando melhorar processos, entregar valor, complementar o portfólio ou expandir a atuação de mercado.

“Conseguimos unir todo o ecossistema da ACATE e vários parceiros no Brasil para ajudar empresas de médio e grande porte, principalmente as do mercado convencional, a inovar. Fazemos isso de maneira metodológica, com muitas conexões”, declara Silvio Kotujansky, Diretor de Inovação e Novos Negócios da ACATE. “O LinkLab tem cinco anos de existência e, durante esse tempo, já ajudamos mais de 40 corporates em seus desafios de inovação, permitindo que elas estejam mais competitivas nos seus mercados no momento e, também, no futuro. Auxiliamos igualmente as startups da ACATE a crescerem, acelerando a sua trajetória no mercado com oportunidades, conhecimento e acesso a grandes referências”.

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